segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Mais um novembro

E mais um se foi,
está indo, diluindo, esvaindo...
Mais um novembro vai se apagando,
lentamente se acabando,
e trazendo outro dezembro...

domingo, 28 de novembro de 2010

Públicos e públicos.

Em domingo de muito trabalho, o Lar Espírita Luz e Amor, em Diadema, organizou curso de expositores espíritas. Dentre os palestrantes convidados, Mauro Hollo, falou sobre os diversos públicos que acorrem às casas espíritas em busca de consolo e auxílio.
Hollo, destacou a importância do expositor identificar-se com o público estabelecendo uma ligação que facilite alcançar o objetivo da palestra espírita, que é o de instruir e consolar.

Todo público é formado por indivíduos que se caracterizam por suas diferenças e suas semelhanças pontuais, cada ser percebe a realidade de acordo com seus valores e referências pessoais, cada pessoa é insubstituível em seu caráter individual, portanto todo público é ao mesmo tempo semelhante e diferente, o expositor necessita captar o que reúne as pessoas naquele instante diante de sí, devendo respeitar suas diferenças e semelhanças.
O expositor deve portanto conhecer o público a que se dirige, seus valores, referências históricas, perfil sócio-econômico, enfim seu repertório.
O público infantil de hoje difere do público infantil do passado, se ontem histórias da carochinha conseguiam reter a atenção dos pequeninos, hoje isso já não funciona, é preciso respeitar esse público mais afeito às novas tecnologias da informação, é necessário um maior dinamismo ao aplicar-se uma aula, superando as expectativas da garotada no tocante ao conteúdo e metodologia, é preciso ser inovador para conectar-se a esse público.
Já uma plateia composta por adolescentes e jovens oferece um grande desafio ao expositor espírita, é preciso conhecer suas rotinas e valores de sociabilidade, o acesso à todo tipo de informação por parte desse público, requer do expositor preparo e conhecimento para poder abordar os temas que são de interesse dessa juventude, temas como relacionamentos afetivos e valores familiares podem tornar-se complicadores para o expositor. É preciso diminuir a distância com o público para poder levar a mensagem.
Se por um lado o público infantil exige versatilidade e o público adolescente exige a compreensão, o público adulto para ser atingido requer emoção. É preciso conhecer as suas necessidades para atingir o objetivo da palestra que se pretende realizar, o público adulto muitas vezes já sabedor do que quer e do que não quer pode apresentar-se de certa forma impermeável às informações apresentadas pelo orador, portanto é a emoção o veículo que irrompe corações adentro e promove a eficácia da palestra consoladora. É pela palavra emocionada e emocionante que rompe-se as barreiras desse público, a ponto de fazer com que senhores e senhoras reflitam sobre suas práticas e proponham-se a reformá-las, estabelecendo assim uma etapa importante no processo da reforma íntima.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Na mochila.

Voltando do trabalho no dia de ontem, (a chuva nos permitira chegar ao ponto de ônibus), quase secos e quase molhados, estávamos nós sob o abrigo do ponto. Eu cinquentão de mochila nas costas e um grupo de adolescentes que chegara com uma alegria transbordante, cabelos molhados vozes estridentes, todos também de mochilas.
Subindo no ônibus, não tão lotado como de costume, lá também encontravam-se jovens de mochilas nas costas, aspecto de que voltavam do trabalho também, pouco tempo depois na parada Imigrantes, desço e caminho em direção de casa, ao passar no cruzamento logo mais abaixo, sou abordado por um outro jovem, esse sem mochilas nas costas, aquele menino baixinho e beirando os 16 anos me pedia um trocado, enfiei as mãos nos bolsos e tirei duas moedas, uma de dez centavos e outra de cinquenta, peguei a de cinquenta e dei-lhe sem pestanejar, ele agradecido mostrava-me um punhado de moedas miúdas numa das mão, dizia ele que não tinha conseguido quase nada para completar um lanche, eu como que para aliviar a consciência dei-lhe também um conselho:
- Veja lá heim! é para comprar comida. Vai com Deus.
Chegando em casa, pus minha mochila na cadeira da sala, como sempre, sentando-me no sofá da sala, fiquei por instantes a olhar as notícias na TV, operação militar no Morro do Cruzeiro no Rio de Janeiro. Vejo lá também centenas de jovens de mochilas nas costas, quase secos e quase molhados, certamente suas vozes também estridentes, todos correndo morro acima. Ainda bem que aquele menino no cruzamento perto de casa não havia ganhado uma daquelas mochilas da TV.

domingo, 21 de novembro de 2010

Contas

Dez crianças descalças,
nove poemas de flores,
oito pontas de estrelas,
sete cartas de amores.

Seis milícias na rua,
cinco novenas pequenas,
quatro São Jorges na lua,
três donzelas morenas.

Dois minutos de espera,
um te vendo ferina ,
dois te querendo donzela,
três te esperando menina.

Quatro cores da rima,
cinco amores de fato,
seis sabores no prato,
sete flores de prima.

Oito excessões de regra, .
nove feridas em dor,
dez loucos de pedra,
onze poemas de amor.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Minha consciência é negra

Minha consciência é negra,
é mestiça de um povo em construção,
é caiada na pele,
mulata no cerne.
Minha alma é gêmea,
de todo aquele que a requere.

Minha tez é tênue,
de viço e mazela,
um pé na cidade,
outro na favela.

Sob minha pele, tecido e sangue,
planície, montanha e mangue,
alma e amores,
fatos e rumores.

Minha consciência é negra,
de um povo negro, leigo e bacharel,
minhas raízes são teias, feitas a buril e cinzel.
Minha consciência é mestiça
criança, anciã e noviça,
com sede e fome de ...
justiça.

O pai de minha mãe, João,
o pai de meu pai, foi embora,
a mãe de minha mãe, Palmira,
a mãe de meu pai, Flora.

O pai de minha mãe, caboclo,
o pai de meu pai, ninguém,
a mãe da minha mãe morreu,
a mãe do meu pai também.

Minha consciência é negra,
de pretos velhos e sacis,
de lusíadas e de tupis
de Isabel e de Zumbi.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

50 anos depois foi hoje.

Hoje pela manhã bem cedo, num táxi vermelho, rumamos para o centro de São Paulo, ruas ainda sonolentas, mas que já ensaiavam o ritmo frenético do vai e vem interminável que logo mais se estabeleceria na maior cidade do país, pouco mais de vinte minutos de viajem estacionamos na rampa destinada às ambulâncias e carros de socorro, porém não tínhamos pressa, descemos devagar, passo a passo com a bengala. Nos dirigimos ao setor de diagnóstico por imagem, lá já aguardavam dois senhores sentados lado a lado em silêncio, carregavam no semblante a solene autoridade dos descendentes de Angola. Além dos dois senhores em silêncio, outra dupla entretinha-se numa dessas conversas amenas sobre o dia a dia de todos nós. Sentamos lado a lado sem ter muito assunto para conversar, às vezes fico assim sem assunto para conversar com ela, parece-me uma pessoa estranha que acabara de encontrar no elevador, mas nosso encontro ali não era o primeiro, já se dera há muito tempo atrás, naquele mesmo hospital, já estivéramos ali bem juntos, tão juntos que para nos separarmos fora um parto.
Na avenida Brigadeiro Luiz Antonio as pessoas passam apressadas, cabelos vermelhos, azuis, gente de gravata e gente de sari, mulheres muçulmanas e velhos judeus, todos passavam como se aqui fosse a pátria do evangelho de todos os povos e tolerância fosse um atributo de todos, pelo menos naquela hora da manhã de hoje.
Ainda no setor de diagnóstico de imagem aguardávamos a moça da recepção chegar, eram 7 da manhã e o exame estava marcado para 8h40min, e assim sem ter muito o que fazer as palavras foram aparecendo e ensaiávamos uma conversa fraterna, falávamos do futuro, do futuro dela e do meu futuro, talvez esta fosse a continuação de uma conversa que começara muito tempo antes, só que hoje eu já sei falar, falamos de futuro, fizemos planos, novamente o destino nos quis naquele prédio a traçar planos e projetar o futuro.
Ali naquele prédio a cinquenta anos atrás ela deu à luz um menino, quase pude ouvir meu próprio choro naquela manhã de novembro onde nu e trêmulo estive pela primeira vez em seus braços, cinquenta anos depois era ela que se amparava nos meu braços. Cinquenta anos depois foi hoje.

E foi-se embora com outro homem...

Foi-se, subiu a ladeira da rua Moscou e sumiu na curva mais além, o tempo chuvoso deu maior tempero nessa nossa despedida, a sensação que tive foi de perda.
Passamos juntos dois bons anos de minha vida, ele testemunha de meu refazimento, eu testemunha de sua dedicação, resistência, versatilidade, e beleza...acho ele lindo!
Ele subindo a ladeira partindo com outro homem, um quase estranho, fez-me fazer cara de tristonho, havia me apegado muito a ele, passamos bons momentos, e até quando parecia tudo perdido ele buscava um hausto de forças e superava-se, jamais me desapontara.
Mas enfim tudo é transitório, tudo muda e o que não muda é só porque já está perfeito, o que não é nosso caso, e nessas voltas que a vida dá ele foi para um canto eu para outro, ficou aqui um gostinho de gratidão e saudades. Que seja feliz onde quer que esteja.
Obrigado BPA 3554!!!!











domingo, 14 de novembro de 2010

Estrada

Deixa correr depois deixa chegar,
e bem devagar deixa só ficar...
Andando aos pedaços de caminhos que fizemos por nós e assim sozinhos
façamos um novo caminho...
O bom da estrada é o seu caminhar em nós.
percorremos, corremos, andamos, sonhamos
de vagar assim chegamos e nos aconchegamos,
retratos falados de calados e mudos, no mundo imundo do meu ser
é tão difícil esquecer,
e caminhos de sol façamos...

Há um tempo.

Há dia que não te vejo,
há dia em que não te sinto,
há dia em que teu desejo,
adia o nosso beijo,
e nosso amor jaz extinto...

Há noite feito açoite,
que eterniza o sofrer,
impossível te esquecer
impossível te tocar
impossível não querer
impossível não chorar.

Há dia que me esqueço,
há dia que não sonho,
há dia tão tristonho,
que adia o meu começo.

Há dia de começar
há dia que pereço,
há dia que mereço
que adia o meu cantar.

Há um tempo meu,
de Ásia e Prometeu,
houve um tempo nosso
e hoje já não posso,
sustentar o sonho teu.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Que coisa hein!

Sonhos, todos temos,
todos os sonhos, nós os temos.
E talvez temamos realizar os sonhos,
pois se assim o fizermos
sem os próprios sonhos ficaremos.

Sendo reais então
e deixando de ser sonhos,
passam a ser antônimos dos sonhos que sempre tivemos.

E talvez prontos não estejamos,
para vivenciar nossos sonhos,
e assim dos sonhos acordamos,
e despertos e dispersos,
os mesmos sonhos ao acordar desejamos.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

São Bento e os pardais

Comecei o dia de metrô, descendo na estação São Bento parei para um café expresso, peguei a pequena fila de duas pessoas que já diziam à caixa as baguetes e guloseimas pretendidas para viagem, eu na minha vez pedi um expresso com leite e me deixando levar pelos olhos, pedi também um pão de queijo, paguei 5 reais, meio salgado para um começo de dia, mas a aparência do pão de queijo já havia me convencido da compra.
Sentei-me numa cadeira confortável à frente de uma mesinha muito charmosa, tudo isso sob o Largo de São Bento, a poucos metros dali o mosteiro e as ruas do centro de São Paulo, repletas de gente, automóveis e motocicletas. Sentado com o pão de queijo, cuidadosamente alojado num saquinho de papel branco sobre um pires, fui chamado pela moça do café, lá estava ela com minha xícara fumegante, numa cena de filme francês, levantando-me fui ao seu encontro todo sorridente, pegando a xícara de café dirigi-me até a mesa, lá me esperava o livro do Alkindar de Oliveira com o devido marcador indicando a leitura interrompida, sentei-me soprando delicadamente o líquido cremoso, bebi breves goles do reconfortante expresso, mordi o pão de queijo e deitei meu olhar no livro companheiro, de repente um pequenino vulto cinzento passou perto de minha mesa, baixei os óculos e o olhar para ver o que era aquilo, deparei-me então com um pardal, ele ali a me olhar e eu ali com o livro e o pão de queijo, foi então que retirei um minúsculo pedaço do pão e deixei cair no chão perto do pardal, ele de pronto atirou-se em bicadas sobre o pedaço de pão de queijo, atirei mais um pedacinho e ele repetiu o bote.
Logo após eu e o pardal comermos o pão de queijo, terminei meu café, despedi-me do pequeno amigo e segui subindo as escadas em direção ao mosteiro de São Bento.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Xeque!

Não é todo dia nem toda hora que chegamos a uma marca importante. Completando hoje 50 anos de vida (nesta encarnação), a vida começa a nos impor uma reflexão sobre passado e futuro, fazemos um breve e descompromissado balanço, e as dúvidas que nos afligiam desde os 17 ainda estão aqui dando um recado que a vida é uma construção lenta e gradual, não existe passe de mágica.
Na comparação do Fernando de hoje, cinquentão, com o Fernando de ontem, 17, vejo que o que mudou junto com os cabelos foi a experiência, de resto ainda o inseguro habita em mim, o medo de me arriscar ao experimentar mudanças, de apostar e quebrar a cara é sempre maior do que a possibilidade do prazer de arriscar e vencer, tem sido assim todo o sempre comigo e viver torna-se sempre um eterno jogo de xadrez entre eu e eu mesmo.
No fim quem acaba ganhando sou eu e quem acaba perdendo sou eu também. O que sobra é o balanço dos dois lados. Xeque mate!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Esperando o sono chegar

A chuva que caiu por aí não chegou aqui,
os ventos que sopraram teus segredos nada me disseram
ainda assim te espero...

Em meio a fragmentos de emoções,
passei em Minas por Tres Corações,
um deles foi o meu, o outro o teu,
o terceiro adeus,

Mais além Extrema,
aqui bem perto só deserto,
meu coração um ultraleve,
a emoção de um Pouso Alegre.

Espero o amanhecer,
espero também o sono,
quiça com ele o sonho,
que me trará você.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Linda Jade

Estive lá hoje e não te vi,
então busquei uma foto sua,
escolhi esta, adoro esta.
Nela você é fantástica, capaz de ir para o outro lado da Terra, sem medo.
Nela você me diz que apesar de mim você venceu e continua a vencer,
sinto-me todo orgulhoso de uma obra que não ajudei muito...
deixando a desejar, esta é a minha sensação.
Gosto muito de você...
beijos.

Almoço desta terça

Capeleti, rondeli...
molho branco, molho vermelho,
salada de entrada
sorvete de creme e de flocos
a cobertura é de chocolate.

Gatos aqui é acolá,
um todo preto, um todo dourado,
na sala uma de pé e Ulisses todo deitado
falta Elis que sempre quis
e na varanda Fernanda.